Night Shadows (3-page) Preview

Here’s “Night Shadows”, a short three-page comic made in 2013. It was meant as an introduction to a longer work – which I will still develop, and for which I’ve written significant material. I have taken a long break from it to work on other projects (not yet disclosed here).

Voilà “Night Shadows”, une courte BD de trois pages, faite en 2013. Elle était faite comme une introduction à un travail plus long – sur lequel je développerai encore, et pour lequel j’ai écrit une quantité significative de matériau. J’en ai pris une longue pause pour travailler sur d’autres projets (qui ne se sont pas encore révélés ici).

Aqui está “Night Shadows”, uma HQ curta de três páginas, feita em 2013. A intenção era que ela fosse uma introdução à um trabalho mais longo – que ainda desenvolverei, e para qual escrevi uma quantidade significativa de material. Eu fiz uma longa pausa dela para trabalhar em outros projetos (ainda não revelados aqui).

Cartão de Natal – Ilustração

Cartão de Natal Cunha GarciaCartão de Natal que fiz em 2013, sob encomenda da Cunha Garcia Advogados. Gouache sobre papel, e letras inseridas no computador.

Christmas card I made in 2013 for “Cunha Garcia Advogados”. Gouache on paper, and letters inserted by way of computer.

Por Eduardo Henrique Martins

By Eduardo Henrique Martins

Autorretrato (2013)

Autorretrato Eduardo Henrique Martins 2013Autorretrato que colori (digitalmente) em 2013, e desenhei com caneta nankin descartável sobre papel, em 2012.

Abaixo, sem as cores:

Self-portrait I coloured (digitally) in 2013, and drew with a disposable nankin pen on paper, in 2012.

Below, without the colouring:

Autorretrato Eduardo Henrique Martins 2013WIPPor Eduardo Henrique Martins

By Eduardo Henrique Martins

Crítica Frozen – Uma Aventura Congelante (Frozen,2013)

frozen-poster-small

Aviso: a crítica abaixo contém alguns spoilers, que estão sinalizados por [Início de spoiler(s)], ao começo, e [Fim de spoiler(s)] após. Se você não assistiu ao filme, a leitura da crítica não deve ser prejudicial, desde que não se leiam as partes com spoilers.

Frozen – Uma Aventura Congelante (Frozen, 2013), animação musical em 3D da Disney Animation, dirigida por Chris Buck e Jennifer Lee, que também escreveu o roteiro, e produzido por John Lasseter, da Pixar, e Peter del Vecho, gira em torno de duas princesas irmãs, continuando com a tradição do estúdio. A história se passa no reino de Arendelle, situado na Noruega, apesar da localização não ser explicitada. Ligeiramente baseado no conto do dinamarquês Hans Christian Andersen, “A Rainha da Neve”, dificilmente seria em outro local que não a Escandinávia.

Logo ao início, a platéia é introduzida às princesas Anna (Kristen Bell, na versão original, Érika Menezes nos diálogos da versão brasileira, e Gabi Porto nas canções) a mais jovem, e Elsa (Idina Menzel, e Taryn Szpilman em português brasileiro), a mais velha, detentora de poderes mágicos relacionados ao frio. Numa encantadora passagem, as duas, bastante jovens, acordam e brincam com as habilidades de Elsa, mas acidentalmente a irmã mais nova se machuca e, para ser curada, é levada pelos pais a trolls de pedra – que por sinal são ótimos e lembram os Smurfs, principalmente os computadorizados dos filmes recentes- , que fazem com que a garota se esqueça da magia de sua irmã, mesmo guardando o afeto que por ela sentia.

A partir daí as duas crescem isoladas do mundo e uma da outra. Seu envelhecimento é mostrado com extrema eficiência através do número musical cantado por Anna, que é sem sombra de dúvidas um dos melhores momentos do filme, haja vista não só a boa impressão imediata, mas o quão marcante se revela. É difícil não entoar a canção inadvertidamente, e prazeirosamente, após já ter assistido. Um patamar realmente difícil de alcançar.

Após algum tempo chega a hora da coroação de Elsa. Os portões são abertos, e Anna conhece Hans (Santino Fontana, e Olavo Cavalheiro no Brasil), um príncipe das Ilhas do Sul, e os dois tornam-se noivos após poucas horas. Tal notícia, recebida por Elsa pouco após ter se tornado rainha, a irrita, e, consequentemente, faz com que perca o controle de seus poderes, já difíceis de manter inócuos sem a presença de fortes emoções. A garota foge para os picos da cordilheira do reino, e o lança, sem perceber, em um eterno inverno. Anna vai ao seu resgate, deixando Hans como regente.

Ao longo da jornada ela ganha a companhia de Kristoff, um homem da Montanha do Norte (Jonathan Groth, na versão original, e Raphael Rossatto na versão brasileira), indubitavelmente nórdico, e Sven, sua rena, que por vezes se comporta como cachorro, repetindo um vício de travestir qualquer animal de canino, presente em filmes como “John Carter – Entre Dois Mundos” (John Carter, 2012). Mais tarde é apresentado Olaf, um boneco de neve falante que sonha com o verão, roubando a cena sempre que aparece, dublado na versão original por Josh Gad, e na nacional por Fábio Porchat, que surpreendentemente faz um incrível trabalho, arrancando inúmeras gargalhadas dos espectadores. Personagem que aliás assume o papel de guia até a rainha, algo como um Gollum de “O Senhor dos Anéis”, mas mais bem-apessoado e simpático.

Desde a introdução, a animação do filme já impressiona, revelando um esmero bem-vindo, sendo marcadamente superior a de “Enrolados” (Tangled, 2010), filme da mesma companhia que mais se assemelha a essa produção. Seja na iluminação e as cores vivas que ela produz na neve fofa, a maneira como ela é animada, seja sendo pisoteada por cavalos, ou grudada em roupas, ou a barba sutil de Kristoff, o vivo ruivo do cabelo de Anna, ou em quaisquer outros aspectos, ela é bela. A arquitetura e figurinos são também marcantes, e, juntamente às paisagens, evocam um tom estrangeiro e específico, fugindo do enfadonho reino encantado genérico. Já o 3D é bastante competente, na linha do que se espera de filmes desse tipo. Frozen é a prova de que, desde “Bolt- Supercão” (Bolt, 2008), o primeiro filme de animação 3D do estúdio, este progrediu muito.

É curioso o filme brandir com tanta força o estandarte de musical, gênero incomum hoje, até no cinema infantil. Mas os números musicais são, no fim, um dos melhores aspectos da produção. Dentre todas as músicas, compostas pelo casal de esposos Robert Lopes e Kristen Anderson-Lopez, nenhuma se mostra desnecessária ou exagerada, seja nas mais angustiadas, ou nas mais calorosas, como  [spoiler(s) a frente] a cômica canção de amor que Anna e seu pretendente Hans cantam, ou no ode ao verão de Olaf. [fim de spoiler(s)] Algo bastante inusual em um gênero onde é comum as músicas serem intrusivas, inesperadamente surgindo com pedestres, sem a qualquer cerimônia, de uma hora para outra, passando a dançar e cantar junto aos protagonistas, estragando o impacto da película. Com isso dito, é importante ressaltar que, ao menos na versão do Brasil, a canção de abertura possui um áudio de canto de difícil compreensão. Quando rolam os créditos, porém, é reproduzida uma das canções na língua original, e se percebe o quão mais impressionante é aquela música, assim como devem ser as outras, cantadas em inglês.

O filme, porém, não é sem suas falhas. É um tanto obcecado com o conceito do  “verdadeiro amor”, quase onipresente no cinema e na literatura infantil, por mais que acabe, felizmente, criticando alguns dos clichés que o envolvem. [spoiler(s) a frente] O final também se mostra deveras açucarado, após uma ótima passagem onde faz-se acreditar que Anna morreu, e que, ao contrário do que se esperava, o fim não seria previsível. Ao menos  a salvação da garota vem pelo ato de verdadeiro amor da irmã, ao invés de vir de seu par romântico, valorizando o amor de alguém além do pretendente, incomum numa história sobre princesas. [fim de spoiler(s)]

[spoiler(s) a frente] Há, no segundo ato, a traição de Hans. Ele revela que seduziu Anna para conseguir o reino, e estaria disposto a matar sua irmã para consegui-lo. A traição e exploração aristocrática são um conceitos interessantes a ser introduzidos numa história para crianças, porém nesse caso foi forçada. Hans, de uma personagem interessante, diminui-se quase totalmente ao prosaico vilão maldoso. Ele, como regente, abriu os portões do castelo para oferecer abrigo e comida aos habitantes, contrariando a vontade do maior parceiro comercial do reino, o ótimo e engraçado vilão Duque de Weselton (Alan Tudyk no original), um ato perigoso politicamente. Também foi prestativamente atrás das princesa e da rainha na nevasca, quando as duas corriam perigo, mesmo levando em conta que se não tivesse ido, herdaria o reino de qualquer maneira, ou que poderia ter deixado Elsa morrer quando durante o resgate, foi atacada por homens da comitiva, agora parecia contrariar essas ações.[fim de spoiler(s)]

Pelo menos a conclusão,  [spoiler(s) a frente] passada no verão, com Olaf ganhando uma nevasca particular sobre sua cabeça para sobreviver, com Kristoff e Anna como um recém-formado casal, ao invés de casados e “felizes para sempre”, Elsa como rainha solteira, e com o exílio de Hans e do Duque de Weselton, [fim de spoiler(s)] fecha com chave de ouro uma das melhores animações dos últimos anos.

Por Eduardo Henrique G. S. Martins

Crítica Gravidade (Gravity, 2013)

gravity-poster

Aviso: a crítica abaixo contém alguns spoilers, que estão sinalizados por [Início de spoiler(s)], ao começo, e [Fim de spoiler(s)] após. Se você não assistiu ao filme, a leitura da crítica não deve ser prejudicial, desde que não se leiam as partes com spoilers.

Gravidade (Gravity, 2013), dirigido, co-editado, e produzido pelo mexicano Alfonso Cuarón, e escrito por ele e seu irmão, Jonás Cuarón, é um filme inesperado. O diretor, já famoso em Hollywood graças a “Filhos da Esperança” (Children of Men, 2006), e, principalmente, “Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban” (Harry Potter And The Prisoner of Azkaban, 2004), fez um filme espacial com fortíssima influência de “2001: Uma Odisséia no Espaço” (2001: A Space Odyssey, 1968), de Stanley Kubrick. A premissa minimalista é incomum às super produções americanas: um pequeno grupo de astronautas fica preso no espaço, após um acidente. Logo, porém, é compreendida a decisão por parte da Warner Brothers de financiar o filme: apesar de possuir características raras a esse tipo de produção, como o forte drama humano, certos clichés condescendentes também estão presentes.

A trilha sonora, que por vezes aumenta a tensão substancialmente, lembrando algumas cenas de “Batman, o Cavaleiro das Trevas”, em vários momentos coloca o filme em posição ridícula, o melodramatizando e imprimindo aquela aura épica furada tão presente em filmes com o orçamento parecido.

Algo que também incomoda é a falta de audácia em criar períodos silenciosos longos, como aqueles que são alguns dos melhores momentos de 2001.

Os diálogos, por sua vez, são geralmente muito inspirados, porém tornam-se ruídos indesejados em certas situações que ficariam melhor sem fala alguma.

As piadas e as músicas ouvidas pelo capitão da missão, Matthew Kowalski (George Clooney), seguem uma linha parecida, adicionando um humor irreverente, mas tornando-se cansativas por serem demasiadamente calculadas, espelhando a prática de filmes como os três “Homem de Ferro”, e de “Os Vingadores” de subestimar a platéia com piadas infantis inseridas somente para agradar ao público geral, acostumado com o “entertainment” e sua falta de desafio.

Todos esses elementos sonoros, tantos os positivos quanto os negativos, são unidos em uma edição de som impecável, um dos fatores mais importantes para a intensa imersão proporcionada pelo filme.

Imersão, aliás, profunda desde o início, onde o título é acompanhado por sons inicialmente quase inaudíveis, indo até grandes alturas, seguido pelo silêncio sepulcral do espaço, e a bela visão, em uma composição virtuosa, dos astronautas flutuando acima da Terra, logo iniciando sua conversa. Tal artifício grita pela atenção dos espectadores, criando uma bela introdução.

Os efeitos especiais são impressionantes. Mesmo que não 100% fotorrealistas, possuem um charme característico, desde a iluminação até os movimentos animados dos astronautas, um tanto dançantes. Em certos pontos ficam artificiais da forma que somente cgi (imagem(ns) gerada(s) por computador) consegue ser, porém esses momentos são raros e perdoáveis, diante do visual alcançado pelo conjunto da obra.

O 3D é, sem sombra de dúvida, um dos melhores em qualquer filme.  Tudo ganha volumetria concreta. As estações, os capacetes redondos e, especialmente, [Início de spoiler(s)] o curto final na terra, [Fim de spoiler(s)], impressionam  em três dimensões.

O elenco é outro aspecto que foi provavelmente decisivo para o sinal verde da Warner: conta com as estrelas George Clooney e Sandra Bullock. Esta um tanto rejuvenescida e com um par medidas aumentadas pelos efeitos do filme. Não me entenda mal, os dois desempenham atuações muito boas, porém acharia difícil o filme ter sido feito com dois desconhecidos nos mesmos papeis.

A interação dos dois é realista, e por isso mesmo marcante. Um ponto que talvez divida opiniões é a cena em que [Início de spoiler(s)] Kowalski reaparece após um longo tempo fora de vista, mas é revelado ser um fruto da imaginação da Dr.Ryan Stone (Bullock). A achei bem interessante, por mais que a revelação seja um pouco tosca. [Fim de spoiler(s)]

Os figurinos são ótimos, em especial a roupa recuperada pela Dr.Stone na estação russa, mostrando um traje mais artesanal do que os que haviam aparecido até então.

O desenvolvimento da personagem Ryan Stone, [Início de spoiler(s)] centrado na sua superação do trauma pela morte de sua filha, gera bons momentos, como aquele em que, exausta, flutua em posição fetal dentro da estação russa, ou aquele em que conversa pelo rádio com um homem na superfície, cada um em sua língua, e acabam latindo um para o outro, além do final inspirador em uma praia, mostrando a superfície na medida certa [Fim de spoiler(s)], mas é exagerado.

Por fim, Gravity possui seus defeitos, mas em uma duração envigorante de uma hora em meia, é um dos filmes mais originais dos últimos tempos, e uma realização visual impressionante.

Por Eduardo Henrique G. S. Martins

Warning: the review below contains some spoilers, which are signaled by [beginning of spoiler/s], at their beginning, and [end of spoiler/s] afterwards. If you have not watched the film, the reading of this review should not be harmful, as long as the parts containing spoilers are not read.

Gravity (2013), written, co-edited, and produced by the mexican Alfonso Cuarón, and written by his brother, Jonás Cuarón, is an unexpected film. The director, already famous in Hollywood thanks to “Children of Men”(2006), and, mostly, “Harry Potter And The Prisoner of Azkaban”(2004), has made a space film very strongly influenced by “2001: A Space Odyssey” (1968), by Stanley Kubrick. The minimalist premise is uncommon to american super productions: a small group of astronauts gets stuck in space, after an accident. Soon, however, the decision made by Warner Brothers to finance the film is understood: though having characteristics which are rare to this kind of production, like the deep human drama, certain condescending clichés are also present.

The sound track, which at times augments the tension substantially, resembling some scenes from “The Dark Knight”(2008), in various moments puts the film in a ridiculous position, melodramatizing it and imprinting that fake epic aura so present in films with a resembling budget.

Something that also bothers is the lack of audacity in creating long silent periods, like the ones which are some of the best moments of 2001.

The dialogues, in their respect, are usually very inspired, although becoming unwanted droning in certain situations which would fare better without any spoken line.

The jokes told and music listened to by the mission captain, Matthew Kowalski (George Clooney), follow a similar line, adding an irreverent humor, but becoming tiresome by being overly calculated, mirroring the practice of films such as the three “Iron Man” (2008, 2010, 2013), and of “The Avengers” (2012) of underestimating the audience with childish gags inserted merely to please the general public, used to “entertainment” and its lack of challenge.

All of these sound constituents, both the positive as the negative, are unified in an impeccable sound editing, one of the most important factors for the intense immersion proportioned by the film.

immersion, by the way, deep from the beginning, where the titled is accompanied by sounds almost inaudible initially, going up to great heights, followed by the sepulchral silence of space, and the sightly view, in a virtuous composition, of the astronauts floating above the Earth, soon initiating their conversation. Such artifice shouts for the attention of the spectators, creating a beautiful introduction.

The effects are impressive. Even if not 100% photorealistic, they pertain a characteristic charm, from the lighting, to the animated movements of the astronauts, somewhat dancy. In certain points they get artificial in the way only CGI (Computer Generated Graphics) can be, however these moments are rare and forgivable, against the visuals reached by the body of the work.

The 3D, without the shadow of a doubt, is one of the best in any film. Everything gains concrete volumetry. The stations, the round helmets, and, specially, [Spoiler(s) ahead] the short ending on Earth, [End of Spoiler(s)], impress in three dimensions. The cast is another aspect which was probably decisive for Warner’s green-light: counting with stars George Clooney and Sandra Bullock. The latter somewhat rejuvenated and with a pair of measures increased by the effects of the film. Do not get me wrong, both perform very well, but I’d find it hard for the movie to have been made with two unknowns playing the same roles.

The interaction of the two is realistic, and because of it, marking. An aspect which might diverge opinions is the scene in which [spoiler(s) ahead] Kowalski reappears after a long time out of view, but is revealed to be a fruit of the imagination of Dr.Ryan Stone (Bullock). I found it interesting, even if the revelation is a bit opaque. [end of spoiler(s)]

The outfits are great, specially the spacesuit recuperated by Dr.Stone in the russian station, showing a more artisanal suit than the ones which had appeared up to that point.

The development of the character of Ryan Stone [spoiler(s) ahead] centered in the overcoming of the trauma of her daughter’s death, generates good moments, like the one in which, exhausted, she floats in fetal position inside the russian station, or the one in which she talks to a man from the surface through the radio, each in their own language, and they end up barking at each other, besides the inspiring ending on a beach, showing the right amount of the surface [end of spoiler(s)], but is exaggerated.

Lastly, Gravity has its flaws, bit with an invigorating duration of an hour and a half, is one of the most original films of late, and is an impressive visual realization.

By Eduardo Henrique G. S. Martins